quem não conhece o mito da esfinge grega? representada como uma espécie de leão alado, com cabeça de mulher e cauda de serpente, ela ficava no caminho de tebas e interpelava os viajantes com um enigma que, se não decifrado, levava-os à morte. que criatura pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e à tarde tem três? era a famigerada questão, decifrada finalmente por édipo – que, coitado, não teve melhor sorte nem depois de escapar com a resposta certa: casou-se com jocasta, sua mãe, cumprindo a previsão do oráculo de delfos – tudo isso depois de ter matado laio, seu próprio pai.

mas esse post não é pra falar de tragédia não, gente!

é que nesse livrinho, de jorge luján, ilustrado por chiara carrer e editado pela rovelle, há uma rocha na saída de um vilarejo, tal e qual uma esfinge.

ela também interpela os viajantes com uma pergunta: o que eu fui antes de ser rocha? quem acerta, segue adiante; quem erra, é obrigado a voltar.

mas, aqui, diferente da tragédia grega, não existe uma única resposta pro enigma! pra fazer a rocha abrir o caminho, basta usar a criatividade!

pra um, ela foi parte de um arquipélago; pra outro, uma pata de rato, e até mesmo um pedaço do céu! todos seguem seu caminho, podem ver o horizonte e deixar pra trás a pequena vila.

todos, menos pedro. pra ele, a rocha sempre foi… rocha! sempre foi e sempre será. pedro, coitado, nunca verá além daquela pedra, além daquela vila. não conhecerá outros caminhos nem verá o horizonte.

um livrinho tão singelo, uma história com poucas linhas. uma lição incrível!

por que né, nós- os adultos – vivemos presos em ideias e conceitos arraigados… uma rocha é uma rocha, ué! será?
exercitar a criatividade e pensar fora do lugar comum, ou “fora da caixinha” pode ser difícil, mas também nos abre novos caminhos, novos horizontes! quando a gente se liberta de ideias antigas, abre espaço – na mente e no coração – pra coisas novas!

isso vale desde a coisa mais “besta” (por exemplo, parar de insistir com seu filho que carrinho anda no chão – e não voa, ou que ele deve usar essa ou aquela cor pra pintar seus desenhos) até para as coisas mais complexas: resolver um problema no trabalho, achar uma saída pra uma situação desagradável em casa (e que se repete sempre)… serve pra tudo!

e aí, que tal, nesse ano, se a gente tentar, de verdade, pensar diferente? e se a gente parar de ter a mesma opinião sobre a vida da vizinha, ou então mudar a cor do cabelo (ou do batom), ou o estilo de vestir, ou ler algum livro bem diferente dos que normalmente escolhemos?

pode ser bem divertido!

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