continuando nossa série de posts sobre as premiações literárias do segmento infanto-juvenil, hoje vamos falar sobre a medalha caldecott, concedida pela ALSC (association for library service to children), uma divisão da ALA (american library association), associação das bibliotecas americanas.

o prêmio é concedido desde 1938 (a medalha em si foi desenhada em 1937)! seu nome é uma honraria ao ilustrador Randolph Caldecott, e laureia anualmente livros ilustrados dedicados ao público infanto-juvenil.

esse prêmio surgiu em decorrência de um outro, a Medalha Newbery, também da ALA, que premia anualmente o mais marcante livro infantil americano – levando em conta o autor-escritor.

preocupado com a falta de valorização dos autores-ilustradores (que por aqui a gente aprecia tanto!), foi sugerida então uma segunda premiação, a fim de valorizar o livro ilustrado e as ilustrações propriamente ditas.

assim, foi a criada a medalha caldecott, outorgada ao artista mais marcante, seja ele autor-ilustrador ou apenas ilustrador de livro infantil editado nos estados unidos.

além do artista vencedor, a comissão também faz menção honrosa a outros livros dignos de nota – são os chamados “honor books”.

e gente, confesso, eu adooooooro fuçar a lista de livros premiados e das menções honrosas, desde 1938 até hoje!
os principais critérios empregados na avaliação das obras são os seguintes:

– a medalha e sa menções honrosas serão concedidas anualmente aos artistas que mais se distinguirem, entre os livros publicados no ano anterior nos estados unidos ou em território americano ou em países da commonwealth, em inglês. as ilustrações devem ser um trabalho original – mesmo que a personagem já exista, por exemplo;

– o prêmio é restrito a artistas que sejam cidadãos americanos ou que sejam residentes no estados unidos (esse bairrismo incomoda um pouco, mas a premiação é americana né!);

– os membros da comissão julgadora devem levar em conta, ainda, a excelência da execução da técnica artística empregada; a excelência na representação pictórica da interpretação da história ou tema ou conceito da obra; a excelência da apresentação do tema e reconhecimento do público infantil; o livro premiado não deve depender de outras mídias para ser compreendido e aproveitado (tipo tablets, filmes e outros meios).

eu adoro acompanhar essa premiação!

é uma delícia ver a evolução das ilustrações, conhecer livros antigos, fora de catálogo – daqueles que deixam a gente contente quando encontra no sebo e tals!

o interessante, também, é que dá pra ver a evolução da “parceria” texto-ilustração… é fácil notar que, antigamente, as imagens retratavam exatamente aquilo que era escrito, sem surpresas. com o tempo, passaram a surgir livros cujas ilustrações contavam mais do que o texto, ou que eram contraditórias a ele, dando o tom de ironia da história… também dá pra gente ter uma noção de quando começaram a surgir, como tendência do mercado, os livros imagem, aqueles sem texto, que hoje são super comuns nas prateleiras.

eu sei que muitos críticos e publishers andam cansados da super valorização do livro imagem – e concordo que literatura infantil é muito mais que isso (vide os livros incríveis de roald dahl, astrid lindgren, lygia bojunga e muitos outros), que a gente não pode se resumir ao livro ilustrado quando quer incentivar e criar leitores…

mas, na minha humilíssima opinião (mesmo), penso que os livros ilustrados são um dos primeiros contatos das crianças com as artes visuais, com a estética do belo – ou vocês acham que isso acontece “de cara” em museus e galerias?

e daí que eu acho (só achismo mesmo, hein gente, não sou entendida nem estudiosa do assunto, apenas uma apaixonada!) que a gente pode sim ensinar as crianças a apreciar arte a partir das imagens dos livros infantis – os ilustradores usam técnicas tão incríveis, colagens, aquarelas, gravuras, modelagem… eu amo quando nas notas do livro eles descrevem pra gente o processo de criação e técnicas e materiais empregados!

e ó, tem medalhista e menção honrosa do caldecott publicado no brasil! só pra citar alguns:

– jornada, de aaron becker;

– vovô verde, de lane smith;

– o leão e o camundongo, de jerry pinkney;

– a invenção de hugo cabret, de brian selznick;

– onde vivem os monstros, de maurice sendak;

e mais…

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