vocês lembram que topei participar do desafio da taba né?! e que o primeiro livro foi a versão original e integral de 26 contos de fadas?

e aí, relendo contos que fizeram parte da minha infância – da de todos nós! – lendo suas versões originais, cheias de terror e sem qualquer amenização, confesso que fiquei muito, muito mexida com a história da pequena sereia!

e, aproveitando o ensejo, confesso que a versão que eu conhecia da história da sereiazinha que se apaixona por um príncipe humano era- juro! – a da disney! sim, aquela versão em que o fundo do mar é um lugar incrível e que o amor da menina-peixe é correspondido, fazendo valer a pena tudo o que ela deixara pra trás… e confesso mais, a ariel nem era minha princesa predileta, sempre achei ela meio tonta… enfim.

mas a dura verdade é que os estúdios disney me fizeram de trouxa esse tempo todo! shame on me, hehehe!

é que a versão original, de autoria do dinamarquês hans christian andersen e publicada pela primeira vez em 1837 é bem diferente. beeeeeem diferente!

na duríssima e verdadeira história, a sereia espera até completar 15 anos para ter autorização de nadar até a superfície pra ver o mundo. superado o primeiro desafio, ela presencia um festejo que ocorre numa embarcação – onde avista o tal príncipe – o qual termina num horrível naufrágio.

nossa heroína, com muito esforço, consegue salvar o amado do afogamento, mas deixa-o na praia – meio confuso, meio desmaiado – onde havia uma instituição para meninas e onde ele é socorrido por uma delas.

já apaixonada, a sereiazinha procura a bruxa do mar, disposta a trocar qualquer coisa por pernas humanas, que pudessem aproximá-la do objeto do seu amor.

e gente, a toca dessa bruxa não tem absolutamente nada a ver com a gruta da úrsula: cercada de criaturas estranhas, ossos de humanos afogados e mais horripilâncias, a bruxa dá à menina-peixe uma poção que lhe permitirá ter pernas, mas não sem uma pesada contrapartida: a cada passo, a sereiazinha sentiria como se estivesse caminhando sobre milhares de facas afiadas, que lhe cortariam os pés. e não acaba aí: além disso, a bruxa corta a língua da pequena sereia, impedindo-a de usar sua linda voz para se expressar e comunicar.

(gente, será mesmo alguma paixão vale esse sacrifício?)

e o suplício não acaba aí, não… o príncipe até nota a sereiazinha, mas a chama de “mudinha” e a trata como um animalzinho de estimação… mas ele tem tanto, mas tanto carinho por ela, que permite que ela durma numa almofada de veludo na porta do quarto (imaginem minha cara, um misto de indignação e perplexidade!).

e ó, tem mais! o príncipe ainda faz confidências à pequena sereia, diz que se apaixonou por aquela menina que a salvou do naufrágio (a da praia) e que vai se casar com ela!

a sereiazinha tenta de tudo, faz todas as concessões, abandona a família, o rabo de peixe… mesmo sabendo que, se o príncipe não se casar com ela, ela morrerá na manhã seguinte.

e sim, meus amigos, é o que de fato acontece: o príncipe se casa com a outra, a nossa pequena sereia morre na manhã seguinte e é levada pelas filhas do ares… ai ai.

olha, recomendo muitíssimo a leitura desse texto original – ele é surpreendente, forte, triste, um soco no estômago.
e bem, eu me apaixonei! e saí à procura de um livro ilustrado que narrasse essa versão (e não a versão água com açúcar…). achei um lindo, em inglês, capa dura, com luva (amo!) e lindas aquarelas – lisbeth zwerger, a ilustradora, já foi laureada com o prêmio hans christian andersen (leia sobre ele aqui) e teve três livros reconhecidos pelo the new york times como os melhores livros ilustrados do ano – vale a pena ficar de olho no trabalho dela também!

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